quinta-feira, 20 de agosto de 2015

UM: tudo ao mesmo tempo agora

A semente desta peça nasceu no dia 15 de maio de 2015.
Estamos em agosto, dia 21: agora o relógio marca 01h27.
Muitas novidades e acontecimentos neste entre-tempos.

Gu e Maola toparam estar conosco: isso depois de uma conversa com nós todos, no Café com Letras do CCBB, no dia 05 de junho. No dia 17 de junho, no Café do Palácio - local onde, segundo o garçom do estabelecimento , é proibido reuniões, mesmo consumindo  - estivemos reunidos para lermos um primeiro rascunhado de ideias para o texto. Por uma confusão de locais e horários, infelizmente a Helaine não esteve conosco. Muitas considerações foram feitas sobre o material, dentre elas:

- A repartição fechará;
- Quem sabe esta repartição não é na verdade uma companhia de teatro que foi devorada pela burocratização?
- Revelar isso através de pistas ao longo da conversação dos personagens;
- Trazer para os diálogos o léxico das repartições, escritórios;
- Deixar mais clara a postura da figura do Percival: ele veio comunicar algo? É enviado do governo? Era um deles?
- Se referir mais à senha;
- Escrever pensando em repartição - aos poucos iremos descobrir juntos com criar esta outra possível leitura da peça.
- Esqueceram que eram artistas;
- Usar a Abigail para voltar ao assunto principal;
- Lembrar mais do que era antes: o que eles faziam no passado? Aquilo já foi de outra forma?

Antes de nos despedirmos, Gu deixou dois deveres de casa:
- Para mim - escrever um "monstrão"/rascunhão da peça.
- Para nós - organizarmos uma mostra de 15 minutos para apresentar o trabalho do "Mamãe";

Daí veio julho: data do nosso próximo encontro, mas não conseguimos agenda naquele mês. Eu precisei viajar com o Carroça de Mamulengos; Fabrício iria para Santa Catarina e, dias depois, para o Peru; não conseguiríamos nos organizar. Remarcamos nossa mostra para agosto e ela aconteceu quarta passada, às 20h30, dia 19,  na Toca do Cutia. Gu teve um contratempo e não esteve conosco.

Ah! Fomos aprovados em um edital de ocupação do Galpão 6, da Funarte: nossa proposta era usarmos o espaço (maravilhoso) cedido pela Fundação e, como contrapartida, abrirmos o nosso processo mensalmente para o público e nestes encontros promovermos conversas temáticas a partir do material cênico apresentado por nós. Todavia, no resultado aprovado, o espaço nos tem sido cedido duas vezes por semana. Estamos (ainda!) sem lugar para ensaiarmos nos outros dias. Dureza!

Na última conversa sobre o texto - na quarta feira, depois do "Mamãe mostra tudo" (assim batizamos nossos quinze minutos de recortes do repertório) - o Fabrício semeou em nós um desejo de enveredar pelo viés do "desmemoriamento": contei para o grupo sobre uma vontade que tenho dos personagens terem confiado todas as suas memórias às atas escritas pela Sânia durante o tempo de convívio deles e estes documentos terem sido jogados no lixo. Daí o Fabrício falou sobre o outro entendimento dele sobre este "conflito" e mencionou o "aparente esquecimento", por exemplo, das pessoas que têm marchado nas manifestações contra o governo federal pedindo o retorno da ditadura militar: essa gente não sabe (ou finge não saber) como foram cruéis e violentos esse passado recente?  Esqueceram?

Maola conta que no Chile há um museu, em Santiago, sobre os duros anos do governo Pinochet. Ele reúne os materiais coletados pela Comissão da Verdade de lá.

E aqui no Brasil? A memória dos transtornos da ditadura são pouco rememorados, divulgados... Não está na boca do povo. É como se ela, virtualmente, nunca tivesse existido. Como se vários retrocessos ou não progressos que vivemos até hoje não fossem fruto dessa época da nossa história...

Acho que foi isso.
Entendi assim.

Como a peça pode ser atravessada por esta conversa?

De hoje até terça tenho tempo para escrever o tal rascunhão. Iremos nos encontrar na casa do Fabrício, dia  25 de agosto e leremos esse material vindouro.

Já temos data de estreia e o compromisso de cobrir um cheque com o valor de dois mil e lá vai bolinha que garantiu a reserva do teatro: 24 de novembro, no SESI Holcim. Ficamos nove dias em cartaz, às sextas, sábados e domingos, até 13 de dezembro.

Vamos em frente!
****


Nenhum comentário:

Postar um comentário