sexta-feira, 15 de maio de 2015

Os primeiros passos do elefantinho

ELEFANTE BRANCO
///mamãe tá na plateia

Matéria Bruta:
Uma repartição pública: os funcionários que trabalham nela estão ali, empoeirados e acumulados, como os papéis que inundaram aquela pequena sala e formam pilhas que vão do chão até o teto. Eles são cinco: Sânia, Efraim, Inês, Adão e um sem nome – não que ele não tenha um, mas desde a sua chegada ninguém fez muita questão de perguntá-lo qual era a sua graça e ele, muito tímido, não se prontificou a dizer. Há ainda neste departamento dois grandes ventiladores estragados, o que colabora (principalmente no verão) para a convivência entre eles ser ainda mais insuportável. Um letreiro luminoso era usado para sinalizar a próxima senha a ser atendida por estes funcionários, mas ele empacou no número 287. Possivelmente os acontecimentos que serão narrados nesta fábula ocorreram no último dia de trabalho do Efraim, o funcionário mais velho.

Metodologia:
Queridos companheiros de teatro: proponho que coloquemos as mãos, pés, olhos, cabeça e coração na massa em torno deste argumento. A minha ideia é que a partir de exercícios de improvisação nós consigamos criar uma série de acontecimentos possíveis e impossíveis para este inóspito ambiente. Penso que podemos começar criando cada um seu personagem: quem ele é? Há quanto tempo trabalha ali? De onde ele veio? Quais eram seus sonhos? Quais foram as suas frustrações? Ele fuma? Bebe? Tem família?
A cada semana, até julho, podíamos trabalhar para levantar este material – quem são os personagens e quais os conflitos que permeiam suas relações – e em seguida eu estruturarei a dramaturgia textual para nós ensaiarmos a peça. Imaginei que a Mariana Maioline – que dirigiria junto conosco o “Café das três” – possa ocupar o cargo da direção deste nosso processo. Estive com ela no “Dente de Leão” e vi que ela tem um olhar muito atento, principalmente, sobre o trabalho de ator.  

Referências
Já tenho algumas. Volto aos filmes do Roy Anderson  - “Vocês, os vivos” e “Canções do segundo andar” (ele lançará um novo neste mês, fiquemos atentos!). O texto “Entre quatro paredes”, do J. P. Sartre. Se conseguirmos encontrar, a série “Os aspones”, da Globo. Que mais?